Legião Urbana – Dois

Depois da energia bruta do primeiro álbum, aqui a banda mergulha em temas mais íntimos: amor, solidão, o peso do tempo ando. Tudo isso embalado num som mais limpo e melancólico, claramente influenciado pelo pós-punk britânico.

Todo mundo conhece "Tempo Perdido" e "Eduardo e Mônica", mas Dois vai muito além dos hits. É um álbum para ser ouvido inteiro, de olhos fechados. A primeira faixa, "Daniel na Cova dos Leões", já define o clima do disco: é uma música confessional, com uma melodia suave e uma letra cheia de angústias e desabafos, mostrando logo de cara que a Legião estava mais preocupada em expor sentimentos do que em agradar as rádios.

"Fábrica", por sua vez, é uma crítica pesada e direta às pressões da vida moderna e o sistema que tenta encaixar as pessoas em padrões. A letra é afiada, como uma reflexão sobre a alienação do trabalho e a perda de identidade. A sonoridade da música, com suas guitarras cortantes e uma batida constante, acompanha bem esse sentimento de opressão.

"Andrea Doria" é um dos pontos altos, com Renato Russo falando sobre perdas e naufrágios emocionais de um jeito brutal e verdadeiro. E "Acrilic On Canvas", quase instrumental, cria uma atmosfera única no disco — uma pausa sensorial no meio de tantas emoções, funcionando como um respiro antes da reta final do álbum.

Dois é um trabalho cheio de camadas: simples na primeira audição, devastador quando você se deixa levar pelas letras e pelas melodias. Um disco que, mais de três décadas depois, ainda soa sincero, necessário e atemporal.
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After the raw energy of their first album, the band here dives into more intimate themes: love, loneliness, the weight of time ing. All of this wrapped in a cleaner, more melancholic sound, clearly influenced by British post-punk.

Everyone knows "Tempo Perdido" and "Eduardo e Mônica," but Dois goes far beyond the hits. It’s an album meant to be listened to in its entirety, with your eyes closed. The first track, "Daniel na Cova dos Leões," immediately sets the tone of the album: it’s a confessional song, with a smooth melody and lyrics full of anguish and outpouring, showing right from the start that Legião was more concerned with exposing feelings than pleasing the radio.

"Fábrica," in turn, is a heavy and direct critique of the pressures of modern life and the system that tries to fit people into patterns. The lyrics are sharp, like a reflection on the alienation of work and the loss of identity. The song’s sound, with its cutting guitars and a steady beat, perfectly accompanies this feeling of oppression.

"Andrea Doria" is one of the highlights, with Renato Russo speaking about losses and emotional shipwrecks in a brutally honest and true way. And "Acrilic On Canvas," almost instrumental, creates a unique atmosphere on the album — a sensory pause amid so many emotions, serving as a breath before the final stretch of the album.

Dois is a work full of layers: simple on the first listen, devastating when you let yourself be carried away by the lyrics and melodies. An album that, more than three decades later, still sounds sincere, necessary, and timeless.

O ano correto deste cd é 1986
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